REVOLTAS COLONIAIS

REVOLTAS COLONIAIS

As revoltas ocorridas no Período Colonial costumam ser divididas didaticamente em Nativistas e Separatistas.

REVOLTAS NATIVISTAS

Foram movimentos de protesto contra o excesso de exploração por parte de Portugal, bem como, conflitos internos entre grupos rivais, mas sem qualquer pretensão de independência. As principais foram:

A Aclamação de Amador Bueno da Ribeira – Vila de São Paulo (1641)

Foi um protesto contra o fim do comércio com a região do Rio da Prata, provocado pela Restauração Portuguesa, bem como, contra repressão à escravidão indígena. A população aclamou o comerciante Amador Bueno da Ribeira como “rei da Vila de São Paulo, que se recusou a participar do movimento. Dias depois, as autoridades pacificaram a população.

A Revolta de Nosso Pai - Pernambuco (1666)

Foi causada pelas dificuldades econômicas no período após a expulsão dos holandeses e pela nomeação de Jerônimo de Mendonça Furtado para governar Pernambuco. Um grupo, do qual faziam parte senhores de engenho. padres, vereadores e até o Juiz de Olinda, organizou uma falsa procissão de Nosso Pai, na qual foi preso o Governador. Mais tarde foi nomeado André Vidal de Negreiros como novo Governador de Pernambuco, acalmando os ânimos.

Revolta de Beckman – Maranhão (1684)

Foi provocada pela proibição da escravidão indígena, graças aos jesuítas, e pela falta de negros, além, é claro, pelos altos preços cobrados pela Companhia de Comércio do Estado do Maranhão. Os rebeldes, liderados pelos fazendeiros Jorge Sampaio, Manuel Beckman e Tomás Beckman, expulsaram os jesuítas, saquearam os armazéns da Companhia de Comércio, depuseram as autoridades locais e formaram um novo governo. Tomás Beckman foi enviado a Portugal para informar ao rei quais eram os motivos da revolta. Lá chegando, foi preso e reconduzido ao Maranhão, junto com Gomes Freire, novo governador indicado por Portugal, que recolocou no poder as autoridades depostas e capturou os rebeldes. Manuel Beckman e Jorge Sampaio foram enforcados e Tomás Beckman foi exilado na África. Os jesuítas voltaram ao Maranhão e a Companhia de Comércio foi reativada.

Guerra dos Emboabas – Minas Gerais (1708 – 1709)

Foi provocada pela rivalidade entre os bandeirantes paulistas (descobridores das minas) e os “emboabas” (pessoas que vieram de outros lugares em busca de metais preciosos). O Rei Dom João V determinou que todos poderiam explorar as minas e separou a capitania de São Paulo e Minas de Ouro da jurisdição do Rio de Janeiro. Muitos paulistas partiram para Goiás e Mato Grosso, onde acabaram descobrindo novas jazidas de ouro.

Guerra dos Mascates – Pernambuco (1710 – 1711)

Com a decadência do açúcar, os outrora poderosos senhores de engenho, que moravam em Olinda, foram se endividando com os portugueses que habitavam em Recife, que, aliás, dependia das leis vindas da Câmara de Olinda. Os olindenses denominavam os recifenses de “mascates”, que, por sua vez, chamavam os olindenses de “pés-rapados”. O conflito se agravou quando Recife obteve autonomia em relação a Olinda. Os olindenses, liderados por Bernardo Vieira de Melo, atacaram Recife, provocando a imediata reação dos “mascates”, liderados por João da Mota. O conflito só terminou com o perdão de parte das dívidas dos senhores de engenho e com a ascensão de Recife como capital da Capitania.

Revolta de Felipe dos Santos – Vila Rica (1720)

Foi provocada pelos elevados preços cobrados pelos comerciantes portugueses e, principalmente, pela criação das Casas de Fundição. Os rebeldes entregaram uma lista ao governador Conde de Assumar, contendo uma série de exigências, tais como, diminuição dos impostos (inclusive sobre o ouro), e o fim do monopólio que os comerciantes portugueses possuíam sobre o sal, o fumo e a aguardente. Assumar fingiu concordar com tudo, mas quando a situação se acalmou, mandou prender os líderes, entre eles, Felipe dos Santos, que foi enforcado e esquartejado. Os demais foram enviados a Portugal e, logo depois, foram perdoados.

REVOLTAS SEPARATISTAS

Buscavam a independência em relação a Portugal e suas causas gerais foram: influência do Iluminismo, o desejo do fim do monopólio, a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789). As principais foram:

Inconfidência Mineira (1789)

Causas Locais: Os impostos exagerados sobre a mineração, assim como, o violento aumento da fiscalização e da repressão na região mineradora.

Líderes: Domingos Vidal Barbosa, José Álvares Maciel, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes), etc.

Projetos: Implantação de uma República inspirada nos Estados Unidos, cuja capital seria São João Del Rei e o primeiro presidente seria Tomás Antônio Gonzaga; criação do serviço militar obrigatório; fundação de uma universidade em Vila Rica; instalação de fábricas por todo o país; amparo às famílias numerosas; manutenção da escravidão.

O movimento deveria acontecer no dia da Derrama, mas os rebeldes foram delatados por Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Correia Pamplona. Foram todos presos e submetidos a processo (Os Autos da Devassa), que durou três anos, e condenados à morte, mas apenas Tiradentes foi executado, pois todos os outros reconheceram que eram “culpados de traição” e foram degredados para a África.

Conjuração do Rio de Janeiro (1794)

Em 1794, os membros da Sociedade Literária do Rio de Janeiro, liderados por Ildefonso Costa Abreu, Silva Alvarenga, Mariano José Pereira da Fonseca e João Marques Pinto, foram presos por ordem do vice-rei Conde de Resende, acusados de conspiração contra a Coroa Portuguesa. Dois anos depois, foram libertados por falta de provas. 

Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798)

Causas Locais: Decadência econômica, aumento dos preços das mercadorias, aumento dos impostos, influência das duas revoltas populares de 1711, conhecidas como “Motins do Maneta” (João de Figueiredo Costa).

Líderes: Membros da Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, Cipriano Barata, Lucas Dantas, Luiz Gonzaga das Virgens, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira. Foi um movimento com grande participação popular e seus principais líderes eram pessoas pobres e negras (soldados, alfaiates, escravos, ex-escravos, etc). 

Projetos: Implantar a República Bahiense, inspirada na República Francesa; liberdade de comércio; fim da escravidão e do preconceito.

A revolta foi duramente reprimida e seus líderes mais pobres foram enforcados e esquartejados. Os demais líderes foram degredados ou presos e muito foram anistiados depois.