PRIMEIRA REPÚBLICA OU REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1889 - 1930)

REPÚBLICA DA ESPADA (1889-1894)

Foi o período em que o país foi governado por militares.

GOVERNO PROVISÓRIO (1889-1891)

Era natural que o líder do Golpe Militar-Oligárquico que encerrou a Monarquia, o marechal Deodoro da Fonseca, fosse posto como chefe do Governo Provisório, uma espécie de ditadura consentida, para fazer a transição para a República e evitar um possível contragolpe monárquico. Destacam-se três projetos políticos principais:

OS POSITIVISTAS: Defendiam uma ditadura, centrada nos militares, pois somente a ordem traria o progresso. Inspiravam-se no Positivismo do filósofo francês Auguste Comte.

OS FEDERALISTAS: Defendiam o regime federativo, que daria autonomia para os estados e era formado, principalmente, pelos cafeicultores de São Paulo e se inspiravam no modelo dos Estados Unidos.

OS JACOBINOS: Defendiam uma ditadura inspirada no período dos jacobinos na Revolução Francesa e era formado, principalmente, por intelectuais da classe média urbana, cujo palco mais importante era o Rio de Janeiro.

PRINCIPAIS REALIZAÇÕES:

- Decreto de banimento perpétuo da família imperial.

- Instalação da República dos Estados Unidos do Brasil, adoção do Hino Nacional e da Bandeira Republicana.

- Suspensão da Constituição de 1824 e fechamento do Congresso Imperial, das Assembleias Provinciais e das Câmaras Municipais.

- Extinção do senado vitalício.

- Separação entre o Estado e a Igreja (fim do padroado e do beneplácito) e instituição dos registros de casamento e de nascimento civis, além dos atestados de óbito.

- Fim do voto censitário e implantação do voto aberto e universal masculino, excluindo os menores de 21 anos, os analfabetos, os mendigos, os membros de ordens religiosas e os praças de pré (sargentos, cabos e soldados).

- Nomeação de governadores para os estados (antigas províncias).

- Ocorreu a naturalização dos estrangeiros residentes no país (a grande naturalização).

- Convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte.

A POLÍTICA DO ENCILHAMENTO

A chamada “Política do Encilhamento” foi uma ampla emissão de papel-moeda, usando como lastro os títulos da dívida federal em substituição ao lastro-ouro. Esta medida, tomada pelo então ministro da Fazenda, Rui Barbosa, visava fortalecer a classe média (pelo aumento da circulação de moeda) e incentivar uma diversificação econômica, através da criação de sociedades anônimas (empresas de capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores), destinada a industrializar o país. Acontece que apenas uma pequena parte foi aplicada em setores produtivos, enquanto que o restante foi utilizado em especulações financeiras e na criação de empresas fantasmas que conduziram o país a uma inflação galopante e a uma enorme recessão econômica.

OBS. É importante destacar que esta crise econômica tem suas origens ainda no período imperial.

CONSTITUIÇÃO DE 1891

Foi inspirada na Constituição dos Estados Unidos e tem entre suas características principais:

- República Federativa Presidencialista.

- Os Estados da Federação possuíam bastante autonomia, podendo, por exemplo, contrair empréstimos no exterior sem consultar o governo central e manter Forças Armadas próprias (as Forças Públicas estaduais), além de autonomia jurídica, administrativa e fiscal (impostos sobre exportação). Porém, se submetiam à União Federal, que controlava a política externa, a política econômica, a defesa nacional e a cobrança da maioria dos impostos. Além disso, a autonomia jurídica dos estados era limitada pelo fato de o governo federal ser o responsável pela elaboração dos Códigos Civil e Penal.

- O Congresso Nacional dividido em Câmara dos Deputados e Senado Federal (Bicameral).

- O Presidente da República seria eleito pelo povo e teria mandato de quatro anos e sem direito à reeleição.

- Divisão em três poderes autônomos e harmônicos: Executivo, Legislativo e Judiciário.

- Igualdade de todos os cidadãos perante a lei e consagração dos direitos individuais dos cidadãos, tais como, a liberdade, a segurança individual (garantia de vida) e a propriedade privada.

- Incorporou todas as medidas jurídicas tomadas pelo Governo Provisório.

OBS. Nas “disposições transitórias” foi determinado que o primeiro Presidente da República após a promulgação desta Constituição, excepcionalmente, não seria eleito por eleição direta, mas pela própria Assembleia Constituinte. Assim sendo, foram eleitos o marechal Deodoro da Fonseca, para a Presidência da República, e o marechal Floriano Peixoto, para a Vice-Presidência.

GOVERNO CONSITUCIONAL DE DEODORO DA FONSECA (DE MARÇO A NOVEMBRO DE 1891)

O governo constitucional de Deodoro da Fonseca foi curto e tumultuado. Sua administração foi dificultada, desde o início, pelas constantes divergências com o Congresso Nacional, o que já era visível desde a eleição indireta do presidente. Além disso, a nomeação de notórios monarquistas, como por exemplo, Henrique Pereira de Lucena (Barão de Lucena), para o ministério, aumentou mais ainda a crise institucional, que atingiu seu apogeu em 3 de novembro, quando Deodoro decretou Estado de Sítio e fechou o Congresso Nacional. Os governadores que se opuseram ao Golpe de 3 Novembro foram depostos e presos. Ocorreu a Revolta da Armada, comandada pelo contra-almirante Custódio José de Melo, cujo objetivo era obrigar Deodoro a renunciar. Embora pudesse contar com elementos para resistir, Deodoro, alegando não querer ser responsável por um derramamento inútil de sangue, renunciou e passou o cargo ao vice-presidente Floriano Peixoto. 

GOVERNO FLORIANO PEIXOTO (1891-1894)

- Revogação do Estado de Sítio, reabertura do Congresso Nacional e punição aos governadores que apoiaram o golpe de Deodoro.

- Nos primeiros dias de governo, Floriano tomou uma série de medidas paternalistas: redução dos preços dos aluguéis, construção de casas populares, demolição de cortiços, reduziu impostos para diminuir o preço da carne, etc. Todas estas medidas se limitaram ao Rio de Janeiro, onde Floriano se tornou, sem dúvida alguma, muito popular, entretanto, era um completo desconhecido no restante do país.

- Com a intenção de estimular e proteger a ainda incipiente, porém crescente, indústria brasileira, foi criada uma linha de crédito de cem mil contos de réis e uma lei alfandegária protecionista.

- A Constituição de 1891 determinava que em caso de morte ou afastamento do presidente antes de completar metade de seu mandato, o vice-presidente deveria assumir, marcar novas eleições e entregar o cargo a quem fosse eleito. Floriano se recusou a cumprir as normas constitucionais.

- O Manifesto dos 13 generais: exigia o afastamento de Floriano da Presidência e a imediata realização de eleições, cumprindo as determinações constitucionais. Os oficiais envolvidos no caso foram afastados e presos, sendo substituídos por militares de confiança do presidente.

- Ocorreu a Segunda Revolta da Armada, liderada pelo almirante Saldanha da Gama e pelo contra-almirante Custódio de Melo, que exigia o cumprimento das determinações constitucionais. Floriano reagiu com a violência necessária para derrotar os revoltosos e ainda obteve novos navios de guerra, principalmente dos Estados Unidos.

- Ocorreu a Revolta Federalista (1893-1895), no Rio Grande do Sul e que atingiu, mais tarde, Santa Catarina. Era uma luta política gaúcha (os federalistas ou maragatos, liderados por Gaspar Silveira Martins, contra os castilhistas, liderados pelo governador Júlio de Castilhos) e que se tornou uma guerra com a participação decisiva do Exército Federal, que apoiou o governador gaúcho. O final do conflito só vai ocorrer no governo do próximo presidente.

REPÚBLICA OLIGÁRQUICA OU REPÚBLICA DOS FAZENDEIROS (1894-1930)

Foi o período da implantação e consolidação da política oligárquica, controlada por grupos político-econômicos, principalmente os cafeicultores de São Paulo e os criadores de gado de Minas Gerais, colocando o Estado brasileiro a serviço de seus interesses.

GOVERNO PRUDENTE DE MORAIS (1894-1898)

- Seu governo se deu em meio aos efeitos devastadores da crise econômica herdada dos governos anteriores.

- Foram resolvidos problemas de fronteiras: Questão da Ilha da Trindade, com a Inglaterra; Questão de Palmas (ou das Missões), com a Argentina.

- Fim da Revolta Federalista (1895).

- Ocorreu a morte de Floriano Peixoto (1895), o que provocou um afastamento, ainda que temporário, dos militares do poder.

- Entre novembro de 1896 e março de 1897, Prudente de Morais se afastou do cargo para tratamento de saúde. Neste período o país foi governado pelo vice-presidente Manuel Vitorino.

- Ocorreu a Guerra de Canudos (1896-1897):

A situação de miséria e descaso político fez nascer no sertão nordestino, no final do século XIX, um movimento messiânico de grande importância. Liderado pelo cearense Antonio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como “beato” Antônio Conselheiro, o grupo de miseráveis fundou um arraial às margens do rio Vaza Barris, no interior da Bahia. Este, longe do poder dos políticos, representou uma ameaça à ordem estabelecida pela  recém inaugurada República. Logo, os canudenses foram  atacados com toda força pelas tropas do governo. As duas primeiras expedições enviadas pelo governo baiano contra o arraial entre 1896 e 1897 fracassam completamente. De março a outubro de 1897, outras duas expedições enviadas pelo governo federal e organizadas pelo Exército, a última com 6 mil homens e artilharia pesada, conseguem finalmente tomar e destruir Canudos. Junto com o Conselheiro morrem milhares de combatentes e restam cerca de 400 prisioneiros, entre velhos, mulheres e crianças. No retorno das tropas vitoriosas ao Rio de Janeiro, o soldado Marcelino Bispo de Melo, na tentativa de assassinar o presidente Prudente de Morais, acabou por matar o ministro da Guerra, marechal Carlos Bittencourt.  

GOVERNO CAMPOS SALES (1898-1902)

- Foi resolvida a Questão do Amapá pelo Barão do Rio Branco.

- Ocorreu o “saneamento das finanças”, através do Funding Loan, idealizado pelo ministro das Finanças, Joaquim Murtinho: novos empréstimos foram obtidos junto aos Rothschild, tradicional grupo britânico, para pagar a dívidas anteriores; foi obtida uma moratória em acordo com os credores; corte drástico nos gastos públicos; incineração do excesso de papel-moeda, que havia sido emitido na época do encilhamento.

- Teve início a POLÍTICA DOS GOVERNADORES: com o objetivo de fortalecer a posição do governo federal no Congresso Nacional e receber apoio do mesmo à sua drástica política econômica, Campos Sales garantiu aos presidentes (governadores) dos estados o reconhecimento dos deputados por eles apoiados, através da Comissão de Verificação dos Poderes. Este acordo, respaldado pelo “coronelismo” e pelo “voto-de-cabresto”, desmontou a frágil organização partidária, deu à representação nacional uma aparente estabilidade e vai desaguar, posteriormente, na chamada “política do café-com-leite”.

GOVERNO RODRIGUES ALVES (1902-1906)

- Rodrigues Alves encontrou as finanças em ordem, dinheiro em caixa e crédito externo revigorado.

- Ocorreu o auge do ciclo da borracha.

- Foi assinado o Tratado de Petrópolis (1903) com a Bolívia, pondo fim à Questão do Acre: o Acre (cerca de 147 mil km) foi incorporado ao Brasil em troca do pagamento de 2 milhões de Libras Esterlinas e da construção da Ferrovia Madeira-Mamoré.

- Foi resolvida a Questão do Pirara com a Inglaterra.

- Seguindo a moda lançada pelo Barão Hausmann, que urbanizou Paris no século XIX, Rodrigues Alves decidiu sanear e urbanizar o Rio de Janeiro, contanto, para tanto, com a ação do sanitarista Oswaldo Cruz (combateu a peste bubônica, a malária, a febre amarela, o dengue, a varíola, inclusive com a implantação da vacina obrigatória) e do prefeito Pereira Passos (derrubou os cortiços, saneou a cidade, construiu praças e largas avenidas).

- Ocorreu a Revolta da Vacina (1904): esta revolta, ocorrida entre 10 e 18 de novembro de 1904, foi ocasionada pela conjugação de uma profunda insatisfação popular com a política econômica iniciada no governo Campos Sales, com a perda de moradias populares no centro do Rio de Janeiro devido à reforma urbana e com a falta de orientação do povo sobre a vacinação, além das insatisfações da Escola Militar (positivista) e as pretensões políticas do senador Lauro Sodré. Apesar do apoio da população, o movimento foi rápida e violentamente reprimido.

- Para combater a crise da desvalorização do café, foi assinado o Acordo de Taubaté, que consistia em proteger o café através da retenção de parte da produção, pelos governos estaduais e, mais tarde, pelo próprio governo federal, colocando no mercado internacional uma pequena quantidade para provocar a elevação e, posteriormente, a estabilidade dos preços do produto. Foi a chamada “socialização das perdas”.

GOVERNO AFONSO PENA (1906-1909)

- Política de valorização do Café, com a participação efetiva e decisiva do governo federal no Convênio de Taubaté.

- Estimulou a vinda de milhares de imigrantes, inclusive os primeiros japoneses.

- Reformou ferrovias e porto.

- Comemoração do Centenário da Abertura dos Portos (1908).

- Faleceu em 1909, portanto antes do final de seu mandato, sendo substituído pelo vice-presidente Nilo Peçanha.

GOVERNO NILO PEÇANHA (1909-1910)

- Criação, por influência do marechal Rondon, do Serviço de Proteção ao Índio (SPI).

- Ocorreu a “Campanha Civilista”, primeira eleição presidencial duramente disputada, pois São Paulo e Minas Gerais se desentenderam e a política “do café-com-leite” foi interrompida pela primeira vez desde sua criação. Os candidatos foram: marechal Hermes da Fonseca (apoiado pelo Rio Grande do Sul e por Minas Gerais, entre outros) e Rui Barbosa (apoiado por São Paulo e pela Bahia, entre outros). Hermes da Fonseca foi vitorioso, em grande parte, pela ação do senador gaúcho Pinheiro Machado, que se tornou a figura política mais influente do país.

GOVERNO HERMES DA FONSECA (1910-1914) 

- A influência do senador Pinheiro Machado era tão grande sobre o presidente Hermes da Fonseca, que se dizia que o senador era o “presidente de fato”.

- Ocorreu a REVOLTA DA CHIBATA: Foi uma rebelião dos marinheiros contra os baixos salários e os atrasos no pagamento, a péssima alimentação e, principalmente, contra os castigos corporais. A revolta foi liderada por João Cândido, conhecido como “almirante negro”. Para obter o fim da rebelião, o governo federal concedeu anistia, desde que os marinheiros libertassem os oficiais e se rendessem, mas acabou prendendo os principais líderes. 

 - A Política das Salvações: Foi uma campanha antioligárquica estimulada pelos jovens oficiais do Exército, cujo objetivo era abater as velhas oligarquias estaduais que dominavam os estados através da fraude eleitoral e do voto-de-cabresto. Essas intervenções militares ocorreram, muitas vezes, contra oligarquias que haviam apoiado a eleição de Hermes da Fonseca, como por exemplo, Pernambuco, Ceará, Amazonas, etc. A população das capitais aplaudia essas intervenções militares, chamando-as de “salvações”. Muitos coronéis se rebelaram contra o governo federal, dando muito trabalho às forças militares, e até obtendo o retorno da oligarquia, como foi o caso do padre Cícero, no Ceará.

  - A Guerra do Contestado ou Guerra dos Pelados (1912-1916):

Ocorreu na região de fronteira disputada entre os estados de Paraná e Santa Catarina, pois não havia sido delimitada ainda. Foi um movimento messiânico, pois o misticismo era muito forte, com a presença de “monges”, como José Maria e João Maria, que influenciavam os camponeses miseráveis a invadir as fazendas. A revolta só foi dominada no governo seguinte, quando uma tropa de 6 mil homens, inclusive com a participação de aviões, comandada pelo general Setembrino de Carvalho, destruiu os arraiais em que se encontravam os rebelados.

GOVERNO VENCESLAU BRÁS (1914-1918)

- A eleição de Venceslau Brás foi fruto do retorno da aliança entre as principais oligarquias, ou seja, a volta da política do café-com-leite.

- Ocorreu o assassinato do senador Pinheiro Machado (1915).

- Fim da Guerra do Contestado.

- Promulgação do Código Civil Brasileiro (1916).

- Declaração de guerra à Alemanha (26/10/1917).

- A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) contribuiu para o desenvolvimento industrial brasileiro pela necessidade de substituição de importações.

- Com o crescimento industrial, aumenta o número de operários e, consequentemente, crescem as manifestações por melhores salários e pela garantia de seus direitos, como atestam as greves de 1917 e 1919, em São Paulo e outras cidades. É bom destacar que as correntes políticas presentes no movimento operário brasileiro foram várias, tais como, anarquistas e, a partir da década de 1920, a disputa entre socialistas e comunistas.

- Nas eleições de 1918, foi eleito Rodrigues Alves, que já havia sido presidente entre 1902 e 1906, porém, ele faleceu antes de tomar posse, devido à gripe espanhola. Assumiu, então, o vice-presidente Delfim Moreira.

GOVERNO DELFIM MOREIRA (1918-1919)

- Delfim Moreira cumpriu a Constituição e marcou eleições para o próximo presidente.

- O Brasil participou da Conferência de Paz, em Versalhes e foi representado pelo advogado paraibano Epitácio Pessoa.

- Concorreram às eleições presidenciais Rui Barbosa e Epitácio Pessoa, com vitória deste último.

GOVERNO EPITÁCIO PESSOA (1919-1922)

- Construção de mais de duzentos açudes no Nordeste.

- Construção de mais de mil km de ferrovias no Sul.

- Nomeação de dois civis para os ministérios militares.

- Substituição da Libra pelo Dólar, como lastro monetário.

- Criação da Universidade do Brasil (1920), atual UFRJ.

- Para combater as greves operárias foi criada a Lei de Repressão ao Anarquismo (1921).

- Primeira transmissão de rádio no Brasil, realizada por Roquete Pinto.

- Aconteceu, em São Paulo, a Semana de Arte Moderna (1922), que pretendia construir uma identidade nacional, mas sem desprezar as influências culturais do passado e, mais tarde, com o Movimento Antropofágico, pretendia também uma apropriação crítica das ideias estrangeiras, principalmente das vanguardas europeias, para ajudar a constituir uma cultura nacional. Destacaram-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Villa-Lobos, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari, entre outros.

- Comemoração do Centenário da Independência (1922), inclusive com a revogação do banimento da família imperial brasileira.

- Fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1922, que logo foi colocado na clandestinidade.

- Surge o Tenentismo: movimento militar da baixa oficialidade do Exército, com ideologia política difusa e que levou seus participantes a se considerarem responsáveis pela salvação nacional.

- Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (05/07/1922): primeira revolta tenentista, cujo objetivo era impedir a posse do presidente Artur Bernardes, já que os “tenentes” haviam apoiado a candidatura de Nilo Peçanha. No final, 17 militares e um civil, os famosos 18 do Forte de Copacabana, decidiram se sacrificar para servir de exemplo, e marcharam contra as forças legalistas. Apenas dois sobreviveram: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

GOVERNO ARTUR BERNARDES (1922-1926)

- Bernardes assumiu o cargo em meio a uma forte agitação política: os militares contestavam o poder, os operários promoviam greves e crescia o descontentamento contra as elites e o governo. Assim sendo, ele governou por todo o seu mandato em estado de sítio.

- Fundou a Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), atual Universidade Federal de Viçosa (MG).

- Retirou o Brasil da Liga das Nações (1926).

- Ocorreu a Revolução de 1923 no Rio grande do Sul: o governador Borges de Medeiros (Partido Republicano) foi reeleito, derrotando Assis Brasil (Partido Libertador), que acusou fraude nas eleições e desencadeou uma verdadeira guerra civil, a qual só terminou com o Pacto de Pedras Altas, que proibiu a reeleição do governador.

- Revolta Tenentista em São Paulo (05/07/1924): Liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, esta revolta teve grande apoio popular e durou quase um mês. Sem chance de vitória, os rebeldes fugiram de São Paulo, formaram a Coluna Paulista e entraram pelo interior.

- Revolta de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul (1924): os militares foram liderados pelo capitão Luiz Carlos Prestes e formaram a Coluna Gaúcha que, mais tarde, vai se unir à Coluna Paulista, formando a famosa Coluna Prestes-Miguel Costa.

- Coluna Prestes - Miguel Costa: Foi um movimento político-militar de origem tenentista, que entre 1925 e 1927, se deslocou pelo interior do país pregando reformas políticas e sociais e combatendo o governo do então presidente Arthur Bernardes e, posteriormente, de Washington Luís. Sua insatisfação com a República Velha leva-os a requerem voto secreto e um maior centralismo político. Ademais, exigem ensino público para facilitar o acesso às informações por parte da população carente. São idealistas, porém elitistas. Golpistas, mas reformistas. Cumpre realçar que a maior parte do movimento era composto por capitães e tenentes da classe média, de onde se originou o ideal de "soldado cidadão". Sempre com as forças federais no seu encalço, a coluna de 1 500 homens percorreu cerca de 25 mil km até cruzar a fronteira com a Bolívia, em fevereiro de 1927. Sem jamais ser vencida, a coluna enfrentou as tropas regulares do Exército ao lado de forças policiais dos estados e tropas de jagunços, estimulados por promessas oficiais de anistia. Acredita-se que até o cangaceiro Lampião foi convocado para derrotar os rebelados. A coluna poucas vezes enfrentou grandes efetivos do governo. Em geral, eram utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas. Ataques de cangaceiros à Coluna também reforçam o caráter lendário da marcha, mas não há registros desses embates. Nas cidades e nos vilarejos do sertão, os rebeldes promoveram comícios e divulgaram manifestos contra o regime oligárquico da República Velha. Os homens liderados por Luís Carlos Prestes (que ainda não era marxista) e Miguel Costa não conseguiram derrubar o governo, mas aumentaram o prestígio político do tenentismo e reforçaram suas críticas às oligarquias e ajudaram a abalar ainda mais os alicerces da República Velha.

GOVERNO WASHINGTON LUÍS (1926-1930)

- O slogan deste governo era “governar é abrir estradas”. Foram construídas as rodovias Rio - São Paulo e Rio - Petrópolis.

- O ministério das Finanças, sob a liderança do gaúcho Getúlio Vargas, pretendeu fazer uma reforma econômica, inclusive com a proposta de criação de uma nova moeda, mas que não passou das boas intenções.

- Foi criada a Lei Celerada (1927) que censurava a imprensa e reprimia qualquer manifestação contrária ao governo.

- Em 1928 foi fundado, por militantes comunistas, socialistas, anarquistas e ativistas independentes, o Bloco Operário Camponês. O BOC era uma frente política de atuação pública e defendia bandeiras, como, o voto secreto, redução do custo de vida, anistia para presos políticos e o combate às oligarquias e ao imperialismo. Nas eleições de 1928 elege alguns deputados e vereadores e, em 1930, lança candidato próprio à Presidência: o marmorista e vereador Minervino de Oliveira. Seu desempenho eleitoral é inexpressivo.

- Ocorreu a Crise Econômica de 1929, que atingiu o Brasil em cheio, pois o café, principal produto na balança de exportações, perdeu mercados e valor. Como o país vinha comprando a produção e estocando desde o Convênio de Taubaté, havia, portanto, estoques enormes, gerando dois trágicos efeitos: o aumento da oferta e a queda da procura.

- A crise econômica provocou também a crise política, pois Washington Luís apoiou a candidatura do paulista Júlio Prestes em detrimento do mineiro Antonio Carlos de Andrada. Isto dividiu as oligarquias: a candidatura oficial de Júlio Prestes e Vital Barbosa, apoiada pelo presidente e pela maioria das oligarquias estaduais; e a Aliança Liberal, de Getúlio Vargas e João Pessoa, apoiada pelo Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, pelo Partido Libertador (RS), pelo Partido Democrático (SP) e setores da classe média urbana das grandes cidades. A vitória coube a Júlio Prestes.

A REVOLUÇÃO DE 1930

Com a derrota eleitoral, os velhos políticos da Alian­ça Liberal - como Borges de Medeiros - pretenderam compor-se com os vitoriosos, como geralmente acontecia na República Velha. Mas existia na Aliança uma ala de políticos jovens (Maurício Cardoso, Osvaldo Aranha, Lin­dolfo Collor, João Neves, Flores da Cunha, Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos) que não se conforma­va com uma situação na qual sua ascensão política per­manecia dependente. Portanto, optaram eles pela via ar­mada e, para isso, aproximaram-se dos tenentes, como Juarez Távora, e João Alberto.  A conspiração sofreu várias oscilações por causa da posição conciliatória dos velhos oligarcas da Aliança Li­beral, inclusive do próprio Getúlio Vargas, o que provo­cou seu esfriamento. Porém, foi alentada pela "degola" de deputados federais eleitos por Minas Gerais e Paraíba (maio de 1930), quebrando a Política dos Governadores e pelo assassinato de João Pessoa (julho de 1930) em Re­cife, por motivos ligados a problemas locais, mas que foi ex­plorado politicamente, diga-se de passagem, pelo grupo de conspiradores. Os tenentes foram aproveitados por sua experiência revolucionária, mas a chefia militar coube ao tenente-co­ronel Góis Monteiro, elemento de total confiança por parte dos políticos gaúchos. No dia 3 de outubro eclodiu a revolta no Rio Grande do Sul, e no dia seguinte, sob a chefia de Juarez Távora, no Nordeste. Dela participavam tropas das milícias estaduais e forças arregimentadas por "coronéis". Das tropas do Exército, várias aderiram ao movimento, algumas se mantiveram neutras, e poucas resistiram. Em vários Estados os governantes puseram-se em fuga. Quando se esperava um choque de grandes proporções entre as tropas que vinham do Sul e as de São Paulo, o presidente Washington Luís foi deposto, no dia 24 de outubro, por um grupo de altos oficiais das Forças Armadas, que tinham a intenção de exercer um papel moderador. Formou-se uma Junta Governativa Provisória, intitulada Junta Pacificadora, integrada pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso, e pelo almirante Isaías de Noronha.
Após algumas hesitações, no dia 3 de novembro, a Junta passou o poder para Getúlio Vargas, que irá governar por 15 anos.