REPÚBLICA OLIGÁRQUICA: ECONOMIA, REVOLTAS E DIREITOS CIVIS

ECONOMIA

          Ocorreu o “saneamento das finanças”, através do Funding Loan, idealizado pelo ministro das Finanças, Joaquim Murtinho: novos empréstimos foram obtidos junto aos Rothschild, tradicional grupo britânico, para pagar a dívidas anteriores; foi obtida uma moratória em acordo com os credores; corte drástico nos gastos públicos; incineração do excesso de papel-moeda, que havia sido emitido na época do encilhamento.

CAFÉ

O Brasil era o principal produtor de café desde meados do Século XIX, mas no início do Século XX houve um aumento da produção, provocando uma queda no preço do produto. No governo do Presidente Rodrigues Alves foi criada uma política de valorização do Café, com a participação efetiva e decisiva do governo federal no Convênio de Taubaté, que estimulou a vinda de milhares de imigrantes, inclusive os primeiros japoneses.

BORRACHA

Ocorreu o auge do ciclo da borracha, que trouxe lucros gigantescos, porém os gastos absurdos impediram que o país fosse beneficiado como um todo.Foi assinado o Tratado de Petrópolis (1903) com a Bolívia, pondo fim à Questão do Acre: o Acre (cerca de 147 mil km) foi incorporado ao Brasil em troca do pagamento de 2 milhões de Libras Esterlinas e da construção da Ferrovia Madeira-Mamoré.

INDÚSTRIA E MOVIMENTO OPERÁRIO

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) contribuiu para o desenvolvimento industrial brasileiro pela necessidade de substituição de importações.

Com o crescimento industrial, aumenta o número de operários e, consequentemente, crescem as manifestações por melhores salários e pela garantia de seus direitos, como atestam as greves de 1917 e 1919, em São Paulo e outras cidades. É bom destacar que as correntes políticas presentes no movimento operário brasileiro foram várias, tais como, anarquistas e, a partir da década de 1920, a disputa entre socialistas e comunistas.

MOVIMENTOS SOCIAIS

CANUDOS (1897)

A situação de miséria e descaso político fez nascer no sertão nordestino, no final do século XIX, um movimento messiânico de grande importância, liderado pelo cearense Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como “beato” Antônio Conselheiro. Durante o governo de Prudente de Morais ocorreu um verdadeiro massacre.

REVOLTA DA VACINA (1904)

- Seguindo a moda lançada pelo Barão Hausmann, que urbanizou Paris no século XIX, Rodrigues Alves decidiu sanear e urbanizar o Rio de Janeiro, contanto, para tanto, com a ação do sanitarista Oswaldo Cruz (combateu a peste bubônica, a malária, a febre amarela, o dengue, a varíola, inclusive com a implantação da vacina obrigatória) e do prefeito Pereira Passos (derrubou os cortiços, saneou a cidade, construiu praças e largas avenidas).

Ocorreu a Revolta da Vacina (1904): esta revolta, ocorrida entre 10 e 18 de novembro de 1904, foi ocasionada pela conjugação de uma profunda insatisfação popular com a política econômica iniciada no governo Campos Sales, com a perda de moradias populares no centro do Rio de Janeiro devido à reforma urbana e com a falta de orientação do povo sobre a vacinação, além das insatisfações da Escola Militar (positivista) e as pretensões políticas do senador Lauro Sodré. Apesar do apoio da população, o movimento foi rápida e violentamente reprimido.

REVOLTA DA CHIBATA (1910)

Foi uma rebelião dos marinheiros contra os baixos salários e os atrasos no pagamento, a péssima alimentação e, principalmente, contra os castigos corporais (chibatadas). A revolta foi liderada por João Cândido (o “almirante negro”). Para obter o fim da rebelião, o governo federal concedeu anistia, desde que os marinheiros libertassem os oficiais e se rendessem, mas acabou prendendo os principais líderes. 

GUERRA DO CONTESTADO OU GUERRA DOS PELADOS (1912-1916)

 

Ocorreu na região de fronteira disputada entre os estados de Paraná e Santa Catarina, pois não havia sido delimitada ainda. Foi um movimento messiânico, pois o misticismo era muito forte, com a presença de “monges”, como João Maria e José Maria, que influenciavam os camponeses miseráveis a invadir as fazendas.

 A revolta só foi dominada no governo seguinte, quando uma tropa de seis mil homens, inclusive com a participação de aviões, comandada pelo general Setembrino de Carvalho, destruiu os arraiais em que se encontravam os rebelados.

O CANGAÇO

O cangaço tem sido definido como “banditismo social”, pois no Brasil há uma tendência de se desculpar criminosos com a alegação de que não tiveram condições dignas de sobrevivência e por isso entraram na marginalidade. Ou seja, o bandido é transformado em vítima e, em muitos casos, até em herói. 

Seu início ocorreu ainda no Império e sua área de atuação era a região da caatinga nordestina. Os cangaceiros às vezes faziam o trabalho sujo para os coronéis e às vezes se voltavam contra eles e geralmente viviam de saques, assaltos e sequestros. Sempre que as secas agravavam a já precária situação do sertão nordestino, aumentava o número de participantes dos bandos. Nos primeiros tempos, mulheres não eram permitidas, mas depois foram aceitas. Normalmente eram raptadas e estupradas e algumas se tornaram famosas, como Maria Bonita e Dadá.

As “volantes”, grupos de policiais itinerantes, eram responsáveis por combater os cangaceiros, porém, eram tão violentos e cruéis quanto eles, deixando em pânico a população sertaneja.

O primeiro cangaceiro a ganhar notoriedade, ainda nos tempos do Império, foi Antônio Silvino, conhecido como “o governador do sertão”. Porém, o cangaceiro mais famoso foi, sem dúvida, Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, “o rei do cangaço”. Seu principal seguidor era Corisco, conhecido como “diabo louro”. Em 1938, Lampião e seu bando foram mortos na Gruta de Angicos, na Bahia, pela volante comandada pelo tenente João Bezerra. Foram decapitados e suas cabeças levadas para Salvador, onde foram fotografadas. Corisco só foi morto em 1940. O cangaço chegou ao fim.

O MOVIMENTO TENENTISTA

Foi um movimento militar da baixa oficialidade do Exército, com ideologia política difusa e que levou seus participantes a se considerarem responsáveis pela salvação nacional.

Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (05/07/1922).

Revolta Tenentista em São Paulo (05/07/1924): Liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, esta revolta teve grande apoio popular e durou quase um mês. Sem chance de vitória, os rebeldes fugiram de São Paulo, formaram a Coluna Paulista e entraram pelo interior.

Revolta de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul (1924): os militares foram liderados pelo capitão Luiz Carlos Prestes e formaram a Coluna Gaúcha que, mais tarde, vai se unir à Coluna Paulista, formando a famosa Coluna Prestes-Miguel Costa.

Coluna Prestes - Miguel Costa: Foi um movimento político-militar de origem tenentista, que entre 1925 e 1927, se deslocou pelo interior do país pregando reformas políticas e sociais e combatendo o governo do então presidente Arthur Bernardes e, posteriormente, de Washington Luís. Sua insatisfação com a República Velha o levou a defender voto secreto e um maior centralismo político. Ademais, exigem ensino público para facilitar o acesso às informações por parte da população carente. Sempre com as forças federais no seu encalço, a coluna de 1 500 homens percorreu cerca de 25 mil km até cruzar a fronteira com a Bolívia, em fevereiro de 1927. 

O MOVIMENTO MODERNISTA

Aconteceu, em São Paulo, a Semana de Arte Moderna (1922), que pretendia construir uma identidade nacional, mas sem desprezar as influências culturais do passado e, mais tarde, com o Movimento Antropofágico, pretendia também uma apropriação crítica das ideias estrangeiras, principalmente das vanguardas europeias, para ajudar a constituir uma cultura nacional. Destacaram-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Villa-Lobos, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari, entre outros.

DIREITOS CIVIS

A LUTA PELOS DIREITOS DOS NEGROS

Após a Abolição da Escravatura os ex-escravos, entregues à própria sorte, tornaram-se cidadãos de segunda classe, sem educação, sem perspectiva de emprego digno e sem moradia decente. Começa então uma longa luta por direitos e igualdade.

A IMPRENSA NEGRA

Durante a Primeira República surgiram vários jornais com objetivo de questionar o processo de marginalização dos negros. Tratavam de política, ações realizadas por igrejas e irmandades de negros, poemas, anúncios e serviços e eram mantidos com arrecadações entre os membros e doações de beneméritos. Não tinham objetivo de lucro e muitos tiveram curta duração.

MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E CULTURAIS

Muitas foram as instituições civis (Sociedades Beneficentes) que procuraram inserir os negros na sociedade através de cursos de alfabetização, apoio jurídico, festas populares (Natal, Carnaval, etc.).

É muito importante destacar as manifestações religiosas (Candomblé, Umbanda, Sincretismo Religioso, etc.) e culturais              (batuques, capoeira, sociedades carnavalescas, cordões, Escolas de Samba, etc.). Saiba que muitas destas manifestações foram proibidas e reprimidas, com o objetivo, talvez, de mascarar ou esconder o passado escravista do Brasil.

INDÍGENAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Achava-se que o índio deveria ser civilizado e integrado à sociedade brasileira, mas como um ser inferior ao branco. Em 1910 foi criada por influência do marechal Rondon, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Rondon espalhou linhas telegráficas por milhares de quilômetros pelo interior do país. Em 1967 foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).